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domingo, 1 de abril de 2012

No histórico das grandes obras no RN, atrasos são regra; confira exemplos


De Paulo Nascimento, especial para O Poti

Abaixo estão listadas as últimas grandes obras viárias executadas na Grande Natal. Como pode se ver, muitas delas tiveram problemas com licitações, na própria execução da obra, algumas inclusive sendo entregues incompletas ou sem cumprir o projeto original, muito por causa de problemas com desapropriações e desajustes no orçamento. Relembre os resumos dos casos:

Avenida Bernardo Vieira

Inaugurada em 23 de fevereiro de 2008, a alteração estrutural nos pouco mais de 3 km da Bernardo Vieira custou pouco mais de R$ 5 milhões - verbas vindas do Governo Federal e complementadas pela administração local. A obra levou pouco mais de um ano de para ser concluída, mas hoje já encontra-se parcialmente abandonada. A falta de manutenção é visível nas plataformas de embarque e até mesmo na malha viária central, desgastada pelo alto tráfego de ônibus.

Complexo Viário de Parnamirim

Mais um exemplo de obra entregue inacabada, o viaduto localizado no encontro das BR's 101 e 304 passou de outubro de 2005, quando foi inaugurado, até julho do ano seguinte sem iluminação. Iniciada em 2000, a obra ficou por diversas vezes paralisada por falta de recursos e problemas judiciais. Custou, segundo declarações da seção potiguar do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-RN), cerca de R$ 29 milhões. Os serviços complementares de ajardinamento e colocação de meios-fios e calçadas previstos no projeto não foram concluídos.

Complexo Viário Senador Carlos Alberto de Sousa (4º Centenário)

Conduzida pelo Governo do Estado e executada pela construtora A.Gaspar, uma das maiores intervenções viárias de Natal até então, o Complexo do 4º Centenário foi inaugurado oficialmente em 25 de fevereiro de 2000 teve

seu início ainda em 24 de agosto de 1998. Prevista para durar seis meses, teve sua conclusão adiada cinco vezes, tendo seu tráfego liberado parcialmente enquanto o serviço era finalizado. Custou R$ 9,5 milhões aos cofres federal e estadual. Já era integrava, então, o projeto de duplicação da BR 101, ainda em fase de conclusão no Nordeste.

Complexo Viário Ulisses de Góis (ou da Zona Norte)

Obra de âmbito estadual, sob a administração do Departamento de Estradas de Rodagem do RN (DER-RN), iniciada no segundo semestre de 2001 só foi entregue em dezembro de 2002, o complexo instalado nas proximidades da Ponte de Igapó não cumpre o projeto original, anunciado pelo Governo do Estado e registrado na edição de 2 de novembro de 2001 do Diário de Natal. A matéria contava que seriam feitas 67 desapropriações, das quais a grande maioria não chegou sequer a ser negociada. A Escola Municipal José Sotero, incluída na lista, por exemplo, funcionou normalmente até cerca de um ano atrás.

Ponte de Todos-Newton Navarro

O caso mais emblemático e significativo de todas as recentes grandes obras de Natal. Até hoje, após pouco mais de quatro anos e quatro meses da inauguração do que na verdade é a segunda ponte Forte-Redinha (21 de novembro de 2007, após inúmeros atrasos), os acessos previstos para obra no lado da Zona Norte não foram feitos, assim como a ligação com a área do Pró-Transporte, como as avenidas Itapetinga e das Fronteiras. Tudo por problemas com as desapropriações. No projeto consta viadutos e alças onde hoje existe apenas uma rotatória com semáforos, que causam engarrafamentos diários. O problema da ponte, no entanto, alcança datas mais distantes. As defensas, que servem para proteger os pilares que estão dentro d'água, até hoje não foram colocadas.

Ainda em 9 de janeiro 1995, o então prefeito Aldo Tinôco assinava a lei municipal 4.596, que rezava sobre a construção, operação, manutenção e concessão da ponte Forte-Redinha, que deveria estar sob a responsabilidade de uma empresa privada. Após idas e vindas, no fim de 1999 a Cejen Engenharia venceu a licitação e iniciou a execução, mas em meados de maio de 2000 ainda não havia sequer terminado a terraplanagem de um do lados. Em um ano de obra apenas três pilares haviam sido concretados, até que se descobriu o descompasso do trabalho da Cejen com o que seria o projeto correto. O contrato foi cancelado e passado para as mãos do Governo do Estado, então com Wilma de Faria, também responsável pelo começo da obra quando prefeita. Nova ponte, nova licitação, dinheiro do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) desta vez vencida pelo consórcio Construbase/Queiroz Galvão em 2004. A construção ainda teve problemas com desapropriações. O pilar 11 levou nove meses para ser colocado, devido a uma casa que estava no local. O investimento final contabilizou R$ 194 milhões, apenas da ponte nº 2, além da semana de inauguração que custou, sozinha, R$ 1,5 milhão aos cofres do governo estadual.

É possível executar as obras de mobilidade em 800 dias?

"Obra é dinheiro em caixa e gente qualificada para trabalhar. Sendo assim, a obra sai com certeza. Há tempo disponível" (Arnaldo Gaspar Júnior, engenheiro civil e presidente do Sinduscon-RN)

"Acredito demais na Copa do Mundo e nas obras de mobilidade. A própria Arena das Dunas está dentro do cronograma. Hoje, com a tecnologia disponível para engenharia é possível fazer esta obra em tempo recorde. Basta viabilizar financeiramente" (Francisco Adalberto Pessoa, engenheiro civil e ex-secretário estadual de infraestrutura)

"Ainda não dá para dizer certamente que dá tempo, até porque não começou de verdade. Recapear rua é comum. Sei que ainda há tempo disponível, mas primeiro tem que começar" (Damião Pita, engenheiro civil e ex-secretário de obras do município)

"O tempo já é curto e, claro, está ficando menor a cada dia. Mas, acho que ainda dá tempo de concluir as obras de mobilidade urbana do município" (Enilson Medeiros, engenheiro civil, professor da UFRN e doutor em engenharia de trânsito ).

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