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sábado, 27 de outubro de 2012

Apagão noturno causa série de transtornos ao longo do dia


O “apagão” que atingiu toda a região Nordeste e 77% dos estados do Pará, Tocantins e Maranhão sem o fornecimento de energia elétrica, por mais de quatro horas na madrugada de ontem, prosseguiu causando transtornos durante a manhã da sexta-feira. Na capital potiguar, cerca de  27 cruzamentos amanheceram sem que os semáforos estivessem funcionando. No interior do Estado, sistema de abastecimento d’agua por adutoras, que precisam de bombas em estações elevatórias, também foi paralisado. Alguns bairros de Natal também ficaram sem água.
Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), os problemas nos cruzamentos de avenidas em Natal começaram a ser reparados logo nas primeiras horas da manhã. “Mais de 80% dos sinais já estão normalizados”, avaliou o chefe do setor semafórico Gilnei Lisboa, por volta das 10h30. Ele explicou que em casos de blecaute,  quando a energia volta “vem com uma tensão alta ou baixa”, ocasionando o que “se chama de amarelo piscante”. O efeito é uma reação do sistema para proteger os equipamentos contra a variação da potência de energia elétrica, ocasionando queimas ou outros defeitos técnicos.
Foi o que ocorreu nos cruzamentos da Rua Afonso Pena com a Rua Trairi (Tirol) e também na Avenida Alexandrino de Alencar com a rua São José, em Lagoa Seca. Neste local, “queimou” a cpu e as placas eletrônicas dos equipamentos, que precisaram ser trocados e só voltaram a funcionar no início da tarde.
O abastecimento de água em Natal e em algumas regiões do interior do Rio Grande do Norte também foi prejudicado pelo “apagão”, informou a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). Na capital, a área mais prejudicada com a falta de energia durante a madrugada,  foi a compreendida entre os bairros de Morro Branco e Ribeira.
Das adutoras da Companhia, a Adutora do Jiqui foi a mais atingida pelo blecaute. A unidade estava em manutenção das 8 às 21 horas de quinta-feira e menos de três horas após ter voltado a entrar em operação, o sistema foi paralisado pela queda prolongada de energia. Os reservatórios da adutora do Jiqui ainda estavam com pouca quantidade de água e o processo de enchimento foi interrompido.
Segundo o gerente da Caern para as regiões Sul, Leste e Oeste de Natal, Lamarcos Vital Teixeira, ontem pela manhã, o sistema de abastecimento para essas áreas da cidade está funcionando com 40% da capacidade. “A água disponível está vindo através dos poços e se espalha pelas diversas áreas da zona urbana”, disse o gerente. As adutoras 1, 2 e 3 pararam de funcionar depois do “apagão”,  e o abastecimento de água só vai ser  restabelecido em toda a plenitude na cidade hoje, 48 horas após o “apagão”. Lamarcos acompanhou o trabalho dos técnicos desde a madrugada, quando o sistema começava a ser pressurizado, ou seja, a água com o aumento da pressão subia para encher os reservatórios.
O quadro de comando da adutora número 1 sofreu avaria em um dos registros. As áreas em melhor situação são as atendidas pelo Reservatório da Candelária, que dispõe de 8 poços, que continua fornecendo água para áreas como Mirassol, Pitimbu, Cidade Nova e Nova Cidade, e adjacências. Na Zona Norte de Natal não houve danos aos equipamentos da Caern, mas como houve despressurização na rede de água, as partes mais altas poderão ter menor oferta de água até a tarde deste sábado.
Situação no interior
O problema mais crítico, segundo a Caern, é quanto ao abastecimento aos municípios de Lajes, Caiçara do Rio dos Ventos, Jardim de Angicos, Pedra Preta e Riachuelo, atendido pela adutora Sertão Central Cabugi. Em relação aos municípios atendidos pela Adutora Monsenhor Expedito, entre eles, Santa Maria e Ielmo Marinho, a previsão para o restabelecimento é de 72 horas.
Nos Polos de Assú, Mossoró, Caicó, Litoral Sul e Paul dos Ferros,, a Caern registrou paralisação na produção apenas durante as quatro três horas de duração do blecaute, retornando o sistema a funcionar após o restabelecimento da energia elétrica.
Geradores do aeroporto não funcionaram
Os serviços do Aeroporto Internacional “Augusto Severo”, em Parnamirim, praticamente foram interrompidos devido à falta de fornecimento de energia elétrica. Os geradores que deveriam entrar, automaticamente em funcionamento, não foram suficientes.
Segundo Aelson Antonio de Medeiros, contatado por telefone pela reportagem e que estava na noite de quinta-feira esperando por um amigo que chegaria em um dos voos previstos para o “Augusto Severo”, os serviços de embarque e desembarque de passageiros no aeroporto Augusto Severo viraram um “caos”. Com a maior parte do atendimento dependendo de um sistema informatizado e computadorizado, inclusive na área de estacionamento, tudo passou a ser feito manualmente.
Medeiros disse que “deu para perceber” que havia um problema no gerador de energia elétrica do aeroporto, porque o fornecimento de emergência oscilava, com as luzes se acendendo e apagando após alguns minutos. Segundo ele, ninguém da empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) para prestar uma informação: “Era tudo desencontrado, não apareceu nenhuma pessoa para dar uma informação precisa”.
Segundo Medeiros, as esteiras rolantes passaram um bom tempo sem funcionar, “e não tinha como ser feito o transporte das malas dos passageiros”. Além disso, houve um mini engarrafamento de veículos na área do estacionamento, porque as cancelas são acionadas eletronicamente, bem como a emissão dos tickets de pagamento pelo seu uso por parte dos motoristas e proprietários de carros: “Ficou sendo feito tudo isso no manual e a gente demorava para entrar no estacionamento”.
Procurada pela reportagem, a Infraero, administradora do Aeroporto Internacional Augusto Severo, disse através da assessoria de comunicação que “não iria se pronunciar sobre o assunto”
Segurança nas ruas
O “apagão” não trouxe muitos transtornos para a população quanto a questão de segurança, pelo menos em relação à Região Metropolitana de Natal. A subcoordenadora do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), capitão PM Petra Melo, o número de chamados e de ocorrências registrados do fim da noite de quinta-feira ao amanhecer desta sexta, foi a metade do que ocorreu no mesmo período de tempo da semana passada: “Comparando com a madrugada do dia 18 para o dia 19, nós tivemos na semana passada 49 chamadas contra 25 ocorrências no mesmo horário dessa madrugada”.
Para a subcoordenadora do Ciosp, o número de ocorrências deve ter baixado, em comparação com a quinta e sexta-feira da semana passada, porque com a cidade às escuras, a maioria das pessoas retornou às suas residências. Portanto, disse ela, “não havia gente na rua passível de ser vítima de alguma ocorrência de crime”.
Segundo a capitã Petra Melo, o blecaute não prejudicou o atendimento do Ciosp, porque independentemente do fornecimento de energia elétrica, que no Rio Grande do Norte a distribuição fica a cargo da Cosern, o serviço de atendimento à população não entrou em pane porque, imediatamente, o gerador do Ciosp começou a funcionar. “Nós tivemos uma noite relativamente tranquila para o que ocorreu”, finalizou ela.
Hospitais da capital mantêm atendimento
O blecaute que deixou Natal sem energia por quatro horas, entre às 23:45 da noite da quinta e às 2:45 da madrugada da sexta-feira, não trouxe prejuízo ao atendimento de pacientes internados na rede hospitalar pública do Rio Grande do Norte. ,
A Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap) informou que  nos maiores hospitais, a energia elétrica foi restabelecida com o funcionamento de geradores, com um tempo de resposta de menos de 30 segundos.
No Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, existem duas  subestações com três geradores  de energia elétrica distribuída para o pronto socorro Clóvis Sarinho (UTI Pediátrica, UTI Geral e UTI Bernadete) e Walfredo Gurgel (alas de enfermarias e UTI Cardiológica).
Já no Hospital José Pedro Bezerra, no conjunto Santa Catarina, segundo informou a Sesap, está instalada uma subestação com dois geradores, que distribuem energia elétrica para os setores essenciais e administrativo.
De acordo com o diretor administrativo Carlos Leão, todos os serviços necessários foram realizados nesse período normalmente. No Hospital Giselda Trigueiro, nas Quintas, o fornecimento de energia elétrica é garantido por um gerador com potência considerada alta que foi suficiente para abastecer os setores essenciais como o pronto socorro e o laboratório.
O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes também possui um gerador gerador, com outro de de reserva. Segundo o Diretor Geral, Wilson Cleto, não foi necessário utilizar o reserva. “Conseguimos atender a demanda do hospital com apenas um gerador, não havendo prejuízos para os pacientes”, disse o diretor.
Problema acabou atingindo sistema interligado
O “apagão” ocorrido na madrugada de ontem deixou 100% do Nordeste e 77% dos estados do Pará, Tocantins e Maranhão sem energia. Segundo nota do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o problema foi provocado por “um curto-circuito no segundo circuito da linha de transmissão” Colinas (TO)-Imperatriz (MA), justamente o que interliga o Sistema Norte/Nordeste ao Sul/Sudeste.
Para eliminar o defeito entraram em ação as proteções de retaguarda da subestação de Colinas (TO). Como resultado, o Sistema Norte/Nordeste foi separado do Sistema Interligado Nacional (SIN), o que provocou o desabastecimento de energia na região. Como na hora do blecaute o Nordeste precisava da energia do Sul do país para atender à demanda, o corte no fornecimento da linha Colinas-Imperatriz provocou uma sobrecarga e todo o sistema precisou ser desligado.
A Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) também distribui nota oficial sobre o problema, confirmando que a interrupção no fornecimento de energia elétrica afetou todos os 167 municípios do Estado. Segundo a nota da Cosern, a ocorrência no Sistema Interligado Nacional (SIN) começou às 23h14 (horário local), da quinta-feira (25). A recomposição gradativa das cargas começou, no RN, por volta das 2h45 da sexta-feira, dia 26.
Fonte: Tribuna do Norte

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