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terça-feira, 31 de julho de 2012

Sensação de insegurança nos bairros de Natal resiste

Os dados recentes do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), apontam a queda de 25% no número de arrombamentos de residências em Natal, no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Mas a sensação de insegurança ronda as famílias em várias partes de Natal. 
Adriano AbreuJosivan Duarte, do bairro Nª Sª da Apresentação, mostra os três BOs que fez após ser vítima de arrombamentoJosivan Duarte, do bairro Nª Sª da Apresentação, mostra os três BOs que fez após ser vítima de arrombamento

Nos bairros de Morro Branco e Nova Descoberta, por exemplo, a população reclama da falta de segurança. O presidente da Associação Potiguar em Defesa da Cidadania, Mário Emerenciano, disse que  a comunidade carece , inclusive, de um posto policial, desativado há cerca de oito anos.

Desde ontem, os moradores dos bairros estão elaborando um abaixo-assinado para entregar ao Comando da Polícia Militar: "Um posto policial é o suficiente, pois quando tinha isso aqui, inibia os arrombamentos e assaltos", analisou Emerenciano.

Segundo ele, o posto da PM que foi desativado ficava entre as ruas da Saudade e Tarcísio Galvão, já próximo à Lagoa do Jacaré. O presidente  da associação informou que há uma semana participou de uma reunião com representantes da Polícia Militar sobre a questão da segurança nos bairros. O oficial da PM teria informado que só existe uma viatura policial para atender Potilândia, Nova Descoberta e Morro Branco "e que a situação era muito mais precária do que a gente imaginava".

NOSSA SENHORA

O reflexo da diminuição no número de arrombamentos de residências ainda não chegou nos bairros da periferia. Josivan de Lima Duarte, por exemplo, tem uma pequena mercearia no loteamento Jardim Progresso, em Nossa Senhora da Apresentação. Ele exibe os três boletins de ocorrência registrados na 9ª Delegacia de Polícia, no Panatis, Zona Norte de Natal, um deles datado de 7 de setembro de 2010, quando aproveitaram a sua ausência, entraram na sua casa e ainda levaram, do quintal, uma vaca prenha: "Quando voltei só achei a cabeça, o coro e bezerro morto".

Josivan Duarte diz que deixou de ir aos cultos evangélicos à igreja que frequenta, para não deixar a casa só. Outra vez, foi à igreja de dia e, entre as 10 e 15 horas o seu comércio rua São Daniel foi arrombado, de onde levaram mercadorias e R$ 1.000.

"Agora pra sair tenho de deixar uma irmã", disse Duarte, que ontem mesmo, foi surpreendido com a notícia que tinham destelhado a casa que havia sido retelhada para alugar a uma pessoa. "A outra pessoa que aluguei, passou só um mês e foi embora, porque arrombaram a casa, a mulher dele,  quando chegou, perdeu até o filho pelo medo", disse ele.

O vigilante Abilânio da Silva Souza conta que "há dois anos não saio pra nenhum lugar", porque não pode deixar a casa só. Nem os pais, que moram em Pedra Preta, na região do Sertão/Central do Estado, ele diz que pode visitar: "Já tentaram entrar aqui uma duas vezes, uma vez, às cinco horas da manhã, tentaram pular pelo muro do  vizinho".

A fim de inibir os ladrões, Abilânio Souza colocou cacos de vidros na parte superior do muro que circunda a sua residência, na rua Santa Juliana, em Jardim Progresso. "Mas, vou depois colocar arames de serpentina", acrescentou ele, reclamando que hoje "as pessoas vivem mais presa em casa".

Josivan Duarte ainda contou que não existe posto policial no Jardim Progresso, mas admite que vez ou outra a Polícia passa pela rua, "mas ela não pode passar de hora em hora e em toda rua".

Para ele, a vantagem sempre está com o ladrão, "que não trabalha, ficam observando quando a polícia vai embora".

A diarista Maria Suely da Silva é separada do marido e quando o filho está na escola, à tarde, não tem como deixar ninguém na casa. De lá levaram eletrodomésticos e uma pequena soma em dinheiro: "Quando dá, dou uns trocados aos vizinhos para tomarem de conta da casa", disse ela, que estava no Alecrim e conversou com a TRIBUNA DO NORTE por telefone.

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