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domingo, 29 de julho de 2012

Procura por vagas vai continuar


Um problema cada vez mais comum nos médios e grandes centros brasileiros: a falta de estacionamento. Em Natal, quem transita pelas vias do Centro, Tirol, Alecrim e outras áreas que concentram atividades comerciais e de serviços, sobretudo em saúde, conhece bem a dificuldade. E não é só na hora de deixar o carro. Sem vagas, a formação da chamada fila dupla ou ocupação da faixa próxima ao canteiro, dificulta a circulação dos veículos. A falta de uma política pública e a baixa fiscalização são apontadas por especialistas como fatores que contribuem para manutenção do  problema.

A escassez de vagas de estacionamento somada ao desrespeito no trânsito provoca um dos principais motivos para as multas aplicadas pela Prefeitura do Natal. As infrações por estacionamento em local indevido, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), ocupam o 3º lugar no ranking e ficam atrás somente de excesso de velocidade e avanço de sinal. De janeiro a junho deste ano, foram aplicadas 5,5 mil multas. Em 2011, a Semob emitiu mais de 11 mil multas por esse tipo de infração.

Alberto LeandroAté estacionamentos privados sofrem com falta de vagas em horários de pico. Empresas planejam expansão deste serviço
Até estacionamentos privados sofrem com falta de vagas em horários de pico. Empresas planejam expansão deste serviço
O projeto Via Livre, que chegou a ser implantado em quatro dos dezessete corredores que eram previstos, teve efetividade por algum tempo. Apesar das linhas amarelas e placas delimitando o horário em que a ocupação é permitida, em alguns trechos, como na avenida Jaguarari, já volta a apresentar o mesmo problema. 

Em trechos próximos ao centro comercial do Alecrim, a formação de filas duplas, com condutores aguardando dentro dos veículos. O bugueiro Ari Nascimento, esperava acerca de 30 minutos, enquanto o passageiro pegava encomendas. "É um problema não só aqui do Alecrim. Onde a gente vai, falta estacionamento. A alternativa mais barata é ficar com pisca ligado", disse.

A comerciante Ana Maria de Lima paga mensalmente R$ 100, em um dos estacionamentos do Alecrim. A família de comerciantes, formada por cinco pessoas, gastam em média R$ 500 por mês para assegurar a vaga. A despesa no bolso é, segundo ela, "economia em tempo e estresse". Sem pagar, conta ela, gastaria em média 20 minutos para conseguir vaga e, em geral, longe da loja. "Tiraram todas as opções, aqui (Alecrim) e em outros pontos da cidade. Na Jaguarari o problema voltou e se você vai aos hospitais, tem que dar cinco voltas pra achar lugar e caminhar bom pedaço até  o local", conta.

No sábado, quando há feira no bairro, comerciantes dizem que a situação fica ainda pior. "Além do maior fluxo de pessoas, os feirantes que madrugam, ocupam todas as vagas na rua e os pagos não dão vencimento", observa a vendedora Joelma Rosana da crus Santos.

No Centro da cidade, a TRIBUNA DO NORTE flagrou diversos exemplos de desrespeito a legislação. Placas de 'proibido estacionar' são solenemente ignoradas por condutores que alegam "foi só cinco minutinhos".

Sem projetos para solucionar problema

A Prefeitura, segundo o secretário municipal de Mobilidade Urbana Márcio Sá, não dispõe de projeto específico para resolver o problema de estacionamentos. "O projeto de mobilidade urbana deve contemplar alguns pontos", Afirma. A construção de edifícios garagens chegou a ser discutido fortemente pela Secretaria e foi objeto de minuta do poder executivo, que não chegou a virar lei. "A especulação imobiliária para obtenção de terrenos e a construção não permitiu a viabilidade desse projeto", observa o secretário Márcio Sá. 

Quanto ao projeto Via Livre, o déficit do efetivo não permite manter a fiscalização ostensiva. "Não tinha como a gente ampliar para as áreas que eram prevista, sem conseguir manter a fiscalização", afirma. 

O projeto foi implantado nas avenidas Romualdo Galvão, São José, Afonso Pena e Jaguarari.  Nestas, segundo dados da Semopi, houve a redução em 50% do volume de veículos. Nas proximidades do shopping Midway Mall e de um colégio na Romualdo Galvão, problema continua. Nesses pontos serão realizadas campanha educativas, como segunda etapa do projeto. A fiscalização permanente dos trechos, segundo o secretário, é necessário no primeiro momento do projeto, "para a construção de uma cultura, depois são realizadas rondas ostensivas". O Via Livre busca dar fluidez ao trânsito. "É preciso entender que a via é lugar de circulação e não de parar carro", disse Sá.

Na Afonso  Pena, o projeto incentivou a instalação de estacionamentos privados. Entretanto, o formato de entrada e saída de alguns deles é apontado por condutores, como prejudicial ao fluxo de veículos. A espera por vaga ou saída de um estacionamento de estabelecimento privado, no cruzamento da Afonso Pena com a Jundiaí, causa lentidão. "Todo dia é esse tumulto no trânsito. Todo o mundo acha que é o sinal, mas é essa formação de fila", observa Renato Sousa, que vende lanches. 

Empresas buscam alternativas

Com o aumento no número da frota de veículos e deficiências do transporte de massa, surgem alternativas dadas pela iniciativa privada. De acordo com Marcos Paulo Tavares, gerente de estacionamentos privados e edifícios garagem, a busca pela terceirização do serviço tem aumentado. "Com inviabilidade de construir e gerir, as empresas tem preferido terceirizar", observa. 

A empresa gerencia seis estacionamentos e prevê a abertura de novas lojas até o próximo ano. Um deles, terceirizado pela Promater, na São José, tem capacidade para 100 veículos e está sempre lotado. O público predominante, segundo o manobrista Marcos Antônio Cavalcanti, é de mulheres. "São mais cuidadosas e preferem ter a segurança", disse. 

A UFRN desenvolve projeto para construção de dois estacionamentos. Um deles, explica o superintendente de infraestrutura Gustavo Rosado, no Centro de Tecnologia com capacidade prevista de 500 lugares e outro, dentro do projeto do auditório central. "A ideia é criar mais 1 mil vagas até 2014", disse.

Pelo Plano Diretor de Natal, explica o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFRN, Enilson Medeiros, a cada 50 metros quadrados de área construída, dependendo da especificidade da atividade do estabelecimento, é prevista uma vaga para os clientes deixarem o carro. Há ainda a possibilidade de alugar espaços, num raio de 300 metros para isso.

Nova Parnamirim: Problema não é só em ruas do centro

Mesmo em áreas mais periféricas, como o bairro de Nova Parnamirim, falta estacionamentos próximo aos pontos comerciais traz transtorno ao trânsito. Um dos trechos mais críticos, apontados pelos condutores, é no cruzamento da Avenida Ayrton Senna com a Rua  Praia de Tibau. No cruzamento, estabelecimentos comerciais não oferecem vagas suficientes. A saída de carros estacionados nas calçadas, impedem o fluxo dos que entram ou saem da rua. 

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