Mais um dia de
transtornos para a população. A paralisação dos motoristas e cobradores
natalenses entra no terceiro dia nesta quarta-feira. Ontem à noite,
representantes dos trabalhadores e empresários tentaram negociar o fim da greve
mais uma vez na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT). Não houve avanço.
A discussão com relação ao aumento salarial dos rodoviários ganha nova
vertente. Com a intenção de "viabilizar um melhor entendimento entre
patrão e empregado", o Procurador do Trabalho, José Diniz de Moraes,
propôs reajustar a tarifa de ônibus para R$ 2,30.
A proposta será
apresentada durante reunião do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana,
realizada às 14h. De antemão, o titular da secretaria Municipal de Mobilidade
Urbana (Semob), Márcio Sá, afirmou que a Prefeitura é contra a proposta.
"A prefeita já disse que é contra qualquer reajuste na tarifa, no entanto,
vamos levar a proposta e discutir no Conselho", disse.
A ideia foi sugerida
pelo procurador durante a segunda audiência de conciliação entre Sindicato dos
Trabalhadores em Transportes Rodoviários do RN (Sintro-RN) e Sindicato das
Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros no Município de Natal (Seturn).
Após quase quatro horas de reunião, ficou acertado que a proposta que será
discutida pelo Sintro-RN limita o aumento salarial em 6%, ou seja, dois pontos
percentuais a menos do que foi combinado na primeira audiência realizada na
segunda-feira.
Segundo Agnelo
Cândido do Nascimento, presidente do Seturn,
a classe patronal espera o julgamento de uma ação contra a Prefeitura do
Natal para conceder um reajuste maior. "Pedimos na Justiça um reajuste
tarifário de 7,6%, que é o percentual acumulado de perda com a inflação em um
ano", alegou. De acordo com Agnelo, caso a decisão da Justiça seja
favorável aos empresários, haverá repasse para os motoristas e cobradores.
Antes do início da
audiência, o presidente do Sintro-RN, Nastagnan da Silva, recebeu a notícia de
que o MPT havia solicitado sua prisão à Justiça. O próprio Procurador José
Diniz, que solicitou a prisão, informou ao sindicalista. "A categoria só
está perdendo. Além de reajustes aquém do que solicitamos, ainda tem o pedido
de prisão", disse Nastagnan.
Caso a greve dos
rodoviários não seja suspensa no prazo de 24 horas, o MPT recomenda, além da
prisão do líder da classe, aumento de multa diária fixada pelo Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) de R$ 25 mil para R$ 50 mil. Classe patronal e
empregados devem voltar à mesa de negociações na próxima quarta-feira. Na
última segunda-feira, o vice-presidente do TRT, José do Rêgo Júnior, determinou
que pelo menos 70% da frota de ônibus voltasse a circular na capital potiguar
sob pena de cobrança de multa. A decisão não foi cumprida pelo Sintro-RN.
Ontem, o TRT decidiu bloquear as contas do sindicato enquanto houver
descumprimento da decisão primária.
Ontem, na sede do
MPT, os empresários voltaram a alegar que o setor acumula, nos últimos anos,
prejuízos que impossibilitam reajustes para os trabalhadores. De acordo com
Agnelo do Nascimento, a greve prejudica ainda mais o cenário. "Somente com
esses dois dias de paralisação, o prejuízo chega a R$ 1 milhão", disse.
Para os empresários, o possível aumento da passagem para R$ 2,30 não soluciona
o problema. Segundo o Seturn, a tarifa considerada "justa", seria em
torno de R$ 2,47. "Essa tarifa de R$ 2,30 é política, de forma nenhuma é
levado em conta aspectos técnicos", completou.
Segundo Nastagnan, a
greve continua. "Vamos apresentar as propostas da reunião aos colegas. Não
posso garantir o que vai ser decidido, mas, por enquanto, a paralisação
prossegue", disse ao final da reunião de ontem.
Em coletiva, prefeita
garantiu manter preço da passagem
A prefeita de Natal,
Micarla de Sousa, convocou coletiva para a manhã de ontem. Na oportunidade, ela
esclareceu que a Prefeitura tem acompanhado as negociações entre o Sindicato
dos Rodoviários e os empresários. "Considero justo as reivindicações dos
rodoviários. No entanto, a paralisação é injusta com a população, que está
sendo muito afetada com isso", disse Micarla. Segundo ela, a greve
deflagrada nesta segunda-feira tem se mostrado mais danosa para a população.
"É a primeira vez que se tira 100% dos ônibus de circulação",
ratificou.
Micarla de Sousa
garantiu que não haverá alteração no preço da tarifa para subsidiar o aumento
dos salários dos trabalhadores. "Quando a tarifa foi reajustada em 2011,
os empresários já sabiam que apenas em 2013 é que isso seria discutido
novamente. Que ninguém imagine que a greve possa servir como instrumento de pressão
para que a prefeitura dê aumento de tarifa. Isso eu jamais aceitaria",
afirmou. Segundo ela, estão sendo tomadas medidas para resguardar a população.
"A Prefeitura não ficará como espectadora desse impasse entre os
trabalhadores e empresários", disse. A prefeita acrescentou que também não
haverá desoneração para os tributos exigidos aos empresários do transporte.
Micarla de Sousa
informou que as empresas estão sendo multadas diariamente por descumprimento de
horário. Isso ocorre, claramente, em virtude da reduzida frota destinada ao
atendimento à população. A prefeita disse que multas de R$ 350 foram aplicadas
486 vezes apenas durante a segunda-feira, gerando um prejuízo de R$ 170 às
empresas. O cenário pode ter se repetido ontem, com a mesma intensidade de
aplicação de multas. Ela afirmou que, apesar de a paralisação ser motivada
pelos trabalhadores, são com as empresas que a Prefeitura mantém relações
comerciais.
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