De Francisco Francerle para O Poti
O tradicional bacalhau, por uma questão de tradição e fé
religiosa, é o mais consumido pela população na Semana Santa que costuma
substituir a carne vermelha pela branca. Mas o tradicional peixe, além ser mais
oneroso no bolso, é também um vilão para quem tem doenças cardiovasculares
devido o alto teor de sal, o que está levando muita gente também a substituí-lo
por outros pescados. Embora para muitos seja difícil essa substituição, o
resultado dessa troca pode ser um bom paladar e ainda casar bem com o bolso e
com a própria saúde.
Para a nutricionista Érika Melo, do curso de nutrição do
Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN) e do Núcleo de Alimentação
e Nutrição da Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap), essa prática é
muito saudável porque o sal do bacalhau gera muitos problemas aos hipertensos.
"O peixe é rico em proteína e, ao mesmo tempo, ajuda a combater o ganho de
peso corpóreo e a gordura no sangue. Além disso, existem pescados mais em conta
que não pesam tanto no bolso quanto o bacalhau e dão um sabor especial nessa
época do ano, como o filé de merluza, surubim e badejo, que são peixes
saborosos, têm pouco teor de sal, e valores diferenciados, podendo se adequar
bem à mesa de qualquer católico tradicional", disse Érika.
Mas, independente da Semana Santa, o peixe é um bom prato
também para quem não tem problemas de saúde, pois ajuda inclusive a prevenir
doenças cardiovasculares. Segundo a nutricionista, quem come peixe pelo menos
três vezes por semana tem uma tendência maior de não vir a contrair doenças
cardíacas.
A cultura nordestina tem hábitos alimentares ricos em gordura,
mas o Ministério da Saúde trabalha com a temática de alimentação cada vez mais
saudável, retirando parcialmente o que vem a prejudicar a saúde. Mas ela alerta
que é importante dar atenção ao preparo do peixe. "O primeiro passo é
preparar o peixe sem o couro, somente com a parte do filé, pois no couro está
situada uma maior quantidade de gordura. Depois opeixe deve ser
preferencialmente cozido na água, com legumes, grelhado no forno, colocar ervas
finas com orégano, salsinha, manjericão, ervas naturais que aumentam mais o
sabor", recomenda Érika.
Leite de Coco
Outra dica é evitar o consumo de frituras ou o preparo à
milanesa que pode até dar um sabor especial, mas não ficará tão saudável se
fosse cozido ou grelhado. Também deve-se evitar o azeite de dendê, o óleo de
coco e ainda o pirão quando o tempero é o coco, pois trata-se de uma gordura
saturada que a longos anos também causa problemas cardiovasculares. "A
preparação com leite de coco só é recomendada a cada quinze dias, pode até ser
uma comida especial mas nunca deve ser uma comida de rotina", diz ela.
A exemplo do leite de coco, o azeite de dendê também é outro
tipo de gordura que não é saudável. Considerada uma comida energética, o pirão
não é uma comida reconhecidamente saudável quando se trabalha apenas com leite
de coco e farinha refinada. É recomendado optar pela farinha não refinada, e
incorporar com verduras como alface e tomate, cenoura, vinagrete.
Adepta de badejo e surubim, Érika recomenda fazê-los
desfiados com preparação de lentilha e arroz, alface, tomate, além de feijão
verde que agrada ao paladar do natalense. Já os industrializados, como sardinha
e atum enlatados, em conserva, não são recomendáveis, diferente dos peixes
frescos comprados em feiras ou supermercados. Para quem consome excessivamente
os enlatados corre o risco de desenvolver picos de pressão alta.
Por outro lado, é importante não esquecer que o que vem
causar doenças está relacionado ao estilo de vida, não se pode crucificar
somente a alimentação, é importante que as pessoas evitem a vida sedentária e
façam atividade física, gastem energia e queimem as gorduras para que depois as
possam consumir através dos alimentos, equilibrando o que consome com o que
gasta.
"Se alguém chega aos 50 anos com problemas cardíacos é
porque não teve preocupação com uma alimentação mais saudável. É importante que
a presença de uma boa alimentação aconteça desde a infância, a partir dos dois
anos de idade".
Como escolher o peixe
E na hora de comprar o peixe, a nutricionista dá dicas de
como comprar o melhor produto. "A atenção é o melhor caminho, deve-se
evitar aqueles pescados com olhos opacos, meio cegos, pois são velhos, não são
carnes nobres, os que escamam muito fácil não são recomendados, pois já estão
expostos há muito tempo. É bom lembrar que o pescado deve estar sempre
acondicionado no gelo e nunca em temperatura ambiente, como acontece nas feiras
livres, onde ficam em cima de madeira. Outras dicas são as brânquias do peixe
que devem estar mais rosadas indicando que o peixe está novo, além da textura
que se percebe ao apertar com o dedo, se a carne afundar deve ser descartado.
Com relação ao peixe congelado deve-se preferir aquele que
foi envasado mais recentemente e não olhar simplesmente a data de validade como
todo mundo faz. O pescado dura um ano de congelado. Se o peixe tem a data de
embalagem de abril do ano passado, já é um produto muito antigo e é bom se
evitar, mas se foi embalado em janeiro deste ano, está bom para ser consumido.
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