O clima de revolta
tomou conta dos servidores públicos que subiam, ontem, a rampa da Secretaria
Estadual da Educação e da Cultura (SEEC) em busca de informações sobre o corte
dos salários em março. A medida alcançou 1.755 funcionários entre ASGs,
técnicos de nível médio e professores, ativos e inativos, em decorrência de
erros no cruzamento de dados e de um censo interno realizado em conjunto com a
Secretaria Estadual da Administração e dos Recursos Humanos (Searh), conforme
admitiu a coordenadora de Recursos Humanos da SEEC, Ivonete Bezerra da Costa.
Adriano Abreu
Raimundo Martins, ASG lotado no gabinete da secretária, entrou na lista dos ausentes
Raimundo Martins, ASG lotado no gabinete da secretária, entrou na lista dos ausentes
A finalidade, segundo
a coordenadora, era detectar os servidores que por ventura não estivessem no
exercício da função. Ao serem cruzados os dados do Censo e das planilhas com as
informações elaboradas pelos gestores escolares, "houve o equívoco"
que terminou colocando na lista os nomes dos servidores "que estavam
indevidamente na relação de ausentes". Por causa disso, continuou ela,
passou a contar, do rol dos ausentes, servidores que estão em gozo de licenças
prêmios, férias, cedidos a outros órgãos e até aposentados, que têm "todos
os atos oficiais publicados" no Diário Oficial do Estado ou em Boletins
Administrativos.
A coordenadora de
Recursos Humanos da SEEC disse que "não deu tempo" de fazer as correções necessárias e se
decidiu publicar a listagem completa dos servidores, mas a SEEC e a Searh já
estão trabalhando para republicarem a lista real dos servidores que não foram
localizados no trabalho, depois de feito o
levantamento, no começo de março, da situação de lotação dos servidores
da Educação.
Ela explicou que os
servidores não localizados terão um prazo de 15 dias para comparecerem à
unidade da Diretoria Regional de Ensino (Dired) de suas respectivas áreas de
lotação, a fim de comprovarem o local de desempenho de suas atividades
funcionais, sob pena de serem abertos os devidos inquéritos administrativos, ao
tempo que fica suspenso o pagamento dos vencimentos até que seja regularizada a
situação.
O edital de
convocação com a lista, mesmo equivocada, dos servidores não localizados, foi
assinado pelos secretários Betânia Leite Ramalho (SEEC) e Antonio Abner da
Nóbrega (Searh) na terça-feira, dia 27, e publicado na edição do dia seguinte
do Diário Oficial. Ivonete Bezerra informou, ainda, que os servidores
prejudicados com o erro, vão receber os salários de março em folha suplementar
entre os dias 10 e 15 do próximo mês. Quanto aos servidores tido como ausentes das funções, a área de Recursos
Humanos orienta aos servidores cedidos, aposentados ou em licença, que
apresentem uma cópia do Diário Oficial do dia 28 de março ou do Boletim
Administrativo.
Com relação aos
outros servidores, orienta-se feitura de requerimento para reassumir o cargo,
com cópia do Diário Oficial do dia 28, ficha cadastral, justificativa do
afastamento, declaração de exercício de onde estava trabalhando, além de cópias
de documentos pessoais e do contracheque. Segundo ela, quem não abriu o
processo ficará sujeito a uma sindicância administrativa para averiguar se
houve abandono de emprego.
Professor nega que
esteja ausente
Marco Aurélio Varela
da Silva é professor de Língua Portuguesa do Estado há 28 anos e é um dos
servidores surpreendidos com a suspensão do salário, ontem, primeiro dia do
pagamento da folha salarial de março do funcionalismo estadual. Ele conta que
se encontra numa situação inusitada, porque não tem aluno para dar aula. Varela
explicou que desde o ano passado que procura uma escola para ensinar, pois as
salas de aula da noite das duas escolas estaduais onde lecionava - Padre Monte
e Café Filho - nas Rocas e em Nova Descoberta, respetivamente, "foram fechadas por falta de aluno". Ele estava
revoltado porque foi listado como um professor ausente.
Janete Ferreira Cruz
também teve o salário cortado e estava voltando ontem de uma licença especial.
"Tirei uma licença prêmio de seis meses, me deram três e ficaram três
dentro, quando volto recebo esse presente". Para ela, erros dessa natureza
poderiam ser evitados dentro da SEEC: "Falta um cadastro de banco de dados
dos servidores".
A dirigente do
Sinte-RN, Janeayre Souto, esteve com outros sindicalistas na Coordenadoria de
Recursos Humanos da SEEC, onde soube que o pagamento dos salários dos
servidores será efetuado em folha suplementar: "A Secretaria não podia ter
agido unilateralmente, sem receber a defesa prévia dos servidores". Em
decorrência dessa medida, segundo ela, muitos dos funcionários prejudicados
poderão entrar com uma ação por danos morais contra o Governo.
Raimundo Martins é
ASG e trabalha dentro do gabinete da secretária Betânia Ramalho. Ele foi surpreendido
com a suspensão do salário e mesmo que receba em folha suplementar só R$ 600,00
de vencimentos, tirados os descontos, vai ter prejuízo porque tem contas para
pagar.
Fonte: Tribuna do Norte
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