Amanhã, os professores da rede municipal de ensino vão se reunir em assembleia a partir das 14h30 na sede da Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército (Assen). A votação de um indicativo de greve está praticamente descartada pela categoria. Ontem à noite, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (Sinte-RN) se reuniram com o secretário Walter Fonseca e avançaram nas negociações trabalhistas.
Frankie Marcone
Cristiane Pereira procura uma vaga para o filho na rede municipal de Educação há quase um mês
O encontro, realizado na SME, durou pouco mais de uma hora. Ao final, sindicalistas e secretário estavam satisfeitos. Os professores ameaçavam iniciar uma greve logo no primeiro dia do ano letivo. Eles exigiam, entre outros pontos, o pagamento de 1/3 de férias, de forma integral, em folha suplementar ainda este mês e um reajuste de 22,22%, baseada na lei Federal de nº 11.738/08, a lei do piso nacional.
Segundo a presidente do Sinte-RN, Fátima Cardoso, a reunião com o secretário foi produtiva. "Tivemos alguns avanços. O secretário aceitou a proposta de pagar 1/3 das férias em uma única parcela em março. O percentual de aumento salarial, que antes a proposta era de 6%, passou para 10%, dividido em três parcelas. Além disso, haverá convocação de professores e realização de concurso no próximo semestre", disse.
Para a sindicalista, o secretário demonstrou um compromisso maior com a categoria. Os pontos definidos na reunião serão apresentados na assembleia de amanhã. "Não posso garantir que não haverá greve. Vamos ouvir a categoria, mas acredito que as propostas serão bem recebidas", afirmou Fátima.
Walter Fonseca disse que o diálogo com os professores é uma realidade desde o ano passado. "Mantemos essas conversas e avançamos onde é possível avançar. Estamos dialogando intensamente com o Sinte. A proposta foi atualizada no limite do que o Município hoje pode oferecer". O titular da Educação disse que espera dos professores "bom senso, responsabilidade e, sobretudo, o compromisso com a educação para termos um ano letivo de qualidade".
Outro ponto discutido entre sindicalistas e secretário na reunião de ontem à noite, diz respeito às eleições nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Segundo Fátima, ficou acertado que, no próximo mês, as comissões eleitorais serão criadas nos Centros para preparar as eleições diretas. "Isso também foi um avanço na nossa conversa com o secretário", ponderou.
Pais peregrinam em busca de vagas para filhos
O bairro de Planalto, zona Oeste de Natal, é um dos que mais sofrem com a falta de vagas na rede pública municipal de ensino. A dona de casa Cristiane Pereira conhece bem essa dificuldade. Desde o início de fevereiro ela peregrina por várias escolas tentando matricular o filho Lauro, de 1 ano, e 5 meses. "Já fui no Caic 4 vezes, e nada de conseguir uma vaga. Não sei mais o que fazer", disse . O problema é antigo e no último domingo foi denunciado, mais uma vez, pela TRIBUNA DO NORTE.
A Escola Municipal Estudante Emanuel Bezerra simboliza a falta de vagas no bairro. Desde a segunda quinzena de janeiro, pouco tempo depois de as matrículas terem iniciado, as mais de 300 vagas estão preenchidas. Segundo o segurança Alexsandro Pereira, funcionário da escola, todos os dias dezenas de pais procuram a instituição em busca de vagas que sobraram. "A gente percebe o sofrimento deles. A direção tenta fazer algumas adequações, só que não é suficiente",disse ele.
Gilberto Francisco é um desses pais. Depois de ter ido a escola várias vezes, desistiu e teve de procurar uma vaga para a filha de 9 anos em um local mais distante. O titular da Educação no Município, Walter Fonseca, acredita que a quantidade de vagas em falta é bem menor do que o contabilizado pelos conselhos titulares. Segundo Walter Fonseca, os dados computados até a quinta-feira 23, quando concedeu entrevista a esse jornal, apontam apenas 142 excedentes na educação infantil e quase duas mil vagas no fundamental.
O programa Escola para Todos (PPET), que transfere esses estudantes para a rede privada, deve gastar em 2012 cerca de R$ 3,6 milhões para contratar 6 mil vagas. No ano passado, a Prefeitura atendeu 4.800 crianças em escolas particulares conveniadas.
Fonte: Tribuna do Norte
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