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domingo, 21 de abril de 2013

Enfrentando a timidez


Isaac Ribeiro - Repórter da Tribuna do Norte

Alternar momentos de pura extroversão com outros mais contidos faz parte do comportamento da maioria das pessoas. Mas para alguns, ser introspectivo, tímido, é o mais normal. O problema é quando isso ultrapassa todos os limites, torna-se excessivo e começa a atrapalhar outros aspectos da vida, principalmente no aspecto social. Para auxiliar quem deseja se ver livre desse mal, o Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte realiza um programa de enfrentamento da timidez, um projeto de terapia em grupo destinado a jovens e adultos, universitários ou não.

De acordo com a coordenadora do programa, professora e psicóloga Neuciane Gomes, a timidez excessiva dos participantes é tratada através do método de terapia cognitivo-comportamental, onde são propostas várias ações e exercícios específicos.
Alex Régis
A telefonista Maria Aparecida do Nascimento afirma que timidez atrapalha em algumas situações cotidianasA telefonista Maria Aparecida do Nascimento afirma que timidez atrapalha em algumas situações cotidianas

Bate-papo: Neuciane Gomes - psicóloga e professora da UFRN

Quando a timidez passa a ser algo patológico?
Exatamente quando está está trazendo problemas à vida da pessoa. Por exemplo, a pessoa que não consegue ir para uma entrevista de emprego, porque para ela é extremamente difícil se expor.  E hoje, nas empresas, é comum juntar várias pessoas para fazer dinâmica de grupo. Você imagina aí; para ele já é difícil passar por uma entrevista, imagina passar por uma situação dessa no qual ele vai se expor para outras pessoas no emprego. Tem gente que recusa uma acensão para progredir no emprego porque a partir dali ele vai ter que comandar ou participar reuniões. Ele tem capacidade para isso, mas a situação para ele é aterrorizante. Então, ele recusa até ganhar salário melhor.

A sociedade valoriza mais os extrovertidos? 
Eu não conheço pesquisas a respeito para afirmar que a sociedade valoriza mais os extrovertidos, mas certamente essas pessoas que têm mais facilidade de conversar, de interagir, a vida delas parece ser  menos complicadas, digamos assim. Mesmo porque a pessoa que é excessivamente tímida tem dificuldades sérias; tem dificuldade, por exemplo, de conseguir emprego, de fazer uma entrevista de emprego, de interagir com pessoas estranhas, interagir com pessoas do sexo oposto, de apresentar um trabalho e assim por diante. Tendo em vista essas dificuldades, poderíamos dizer, que seria mais fácil para as pessoas extrovertidas interagir com as outras pessoas. Então, elas têm mais visibilidade na sociedade.

Redes sociais são positivas para os tímidos?
Mais uma vez, vou dizer que não tenho dados de pesquisas. Mas  pela prática clínica e as conversas que a gente tem no meio, realmente a rede social facilita a interação, porque existe uma barreira entre eu e o pessoal que está do outro lado. Não estou vendo cara a cara e não tem essa coisa de estar sendo julgado, ao vivo e a cores. Há um intermediário que o computador, a internet.

2 comentários:

  1. Que INTERESSANTE!!! Programa de Enfrentamento da Timidez - UFRN por meio de terapia cognitivo-comportamental... Parabenizo os idealizadores desse programa, pois pela 1ª vez percebo, no Estado do RN, um olhar voltado para esse problema que a meu ver, é seríssimo... Fui uma criança EXTREMAMENTE tímida, nossa, o professor falava e eu tremia... E o mais impressionante é que eu sabia com requinte de detalhes as respostas certinhas, rsrs... Ao sair para a escola, lembro-me que minha avó, uma autêntica nordestina de personalidade forte, dizia-me: "Obedeça à professora, fique na sua cadeira e não fale com ninguém”, rsrs... Tadinha da minha avozinha, ela não teve oportunidade de estudar e, portanto, valorizava muitíssimo a educação, por essa razão, achava correto agir dessa maneira (maravilhosa).
    Daniel, que danado!!! Seu texto me fez volta no tempo e emocionou-me bastate, rsrs... Enfim, a sabedoria do tempo amenizou esses sintomas, todavia, tenho clareza de que algo deveria ser feito em função de algumas pessoas que apresentam esse comportamento tão introspectivo. Como professora, lembro-me de uma garotinha que não olhava nos meus olhos, não falava, ficava muito quietinha no fundo da sala, obviamente que esse comportamento chamou minha atenção, daí, passei a observá-la e me via nela, literalmente, rsrs... Assim, mantive o foco nela e, para minha alegria, ao final do ano, tudo mudou, rsrs... Creia, ela olhava nos meus olhos, interagia com os colegas e, o melhor de tudo é que ela falava comigo e com os colegas. Ao final do ano letivo podíamos ouvi-la claramente, seu sorriso e olhinhos brilhantes era o registro positivo da transformação que estava ocorrendo na sua vida, além disso, expressava-se com uma DOÇURA INCRÍVEL. Torço pelo êxito do programa. SUCESSO!!!

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  2. Espero que o Programa de Enfrentamento da Timidez - UFRN contemple a participação das famílias, professores e profissionais de um modo geral, pois dependendo da gravidade dessa introspecção, poderá "transformar-se" numa patologia, tais como: pânico, comportamento aparentemente antissocial, entre tantos outros que somente um psicólogo/terapeuta poderia avaliar sua dimensão com precisão e conhecimento.

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