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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Arrastões deixam famílias em pânico

Roberto Lucena - Repórter da Tribuna do Norte

Cerca elétrica, arame farpado, portão eletrônico, muro alto, câmera de vigilância, vigia noturno, segurança privada. O arsenal que tenta intimidar a ação dos criminosos não é o bastante. Há algum tempo, os arrastões em residências e estabelecimentos comerciais trazem pânico e geram revolta nos natalenses. A cada dia, esse tipo de crime torna-se mais comum e desafia os agentes de segurança pública da capital a encontrarem uma solução para o problema. Com medo de novos assaltos, algumas vítimas preferem mudam de endereço ou até mesmo vender suas propriedades.

Edu Barboza
Rafael Dantas foi preso ontem, após arrastão em loja na PrudenteRafael Dantas foi preso ontem, após arrastão em loja na Prudente

Alguns bairros de Natal, notadamente os localizados na zona Sul da cidade, registram um número maior de ocorrências. Em qualquer fila de banco ou padaria, o tema é recorrente e não é difícil encontrar personagens que relatam uma mesma história. No bairro de Nova Descoberta e proximidades de Morro Branco, a violência preocupa moradores e já foi tema de reuniões com representantes da Polícia Militar e Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed). Em uma única rua, a Dr. Abelardo Calafange, somente nos últimos três meses, foram seis arrastões. 

A última investida dos assaltantes foi registrada na última terça-feira. Era quase  15h quando o representante comercial Ronaldo Lima, 61 anos, saía de casa para pegar o filho mais novo na faculdade. “Tirei o carro da garagem, estacionei e desci para fechar o portão. Quando voltei para o carro, os dois bandidos chegaram anunciando o assalto”, lembrou. Armados, os criminosos obrigaram Ronaldo a entrar na casa. Lá, o filho mais velho assistia TV. Os dois foram rendidos. Após 15 minutos, os assaltantes deixaram o local levando o carro da família, celulares, alguns aparelhos eletrônicos, documentos e dinheiro. Deixaram o medo.

Há menos de um mês, a mesma rua foi palco de outra ação dos criminosos. O crime ocorreu por volta das 11h. Quatro bandidos chegaram à residência em uma Pajero prata, de placa não identificada, e invadiram o local aproveitando o portão estava aberto devido à realização de uma pequena reforma na residência. Ao descerem, bem vestidos, os bandidos anunciaram o assalto, renderam as pessoas que estavam na casa e iniciaram o arrastão.

Uma das vítimas deste arrastão, o técnico de informática, Alfredo Carvalho, 28 anos, falou à nossa reportagem. “Entraram e promoveram um verdadeiro arrastão. Levaram tudo”, disse. Com medo de novos assaltos, pai e filho decidiram mudar de endereço. “Vamos vender a casa. Estamos morando num apartamento. Saímos de uma casa que era nossa para pagar aluguel”, explicou.

Ousadia

No bairro de Ponta Negra, a violência é responsável por mudanças de hábitos da população e investimento em aparelhos de segurança eletrônica. Mas mesmo em locais onde há cerca elétrica e até mesmo monitoramento através de câmeras, os bandidos agem sem demonstrar receio. Foi o que aconteceu na noite da última terça-feira. Por volta das 20h, quando o professor de educação física, Luciano Bezerra, 50 anos, chegava em casa, foi abordado por três bandidos. 

A forma como os assaltantes abordam as vítimas é parecida. Luciano parou o carro, desceu para abrir o portão, voltou para o veículo e, quando estacionava o carro na garagem, foi surpreendido pelo trio de assaltantes. “Foi tudo muito rápido. Eu até tenho cuidado e presto atenção quando estou chegando em casa, mas, como era cedo, nem me preocupei dessa vez”, explicou Luciano. A casa dele possui cerca elétrica e monitoramento através de câmera. “Mas isso é só para nossa sensação de segurança melhorar. Não muda muita coisa”, comentou.

A polícia foi chamada por um vizinho e o assalto acabou virando um cárcere privado. O professor permaneceu sob a mira do revólver por volta de três horas até os bandidos se renderem. O trio era formado por dois homens e um adolescente de 17 anos.

2 comentários:

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  2. É impressionante a inércia que toma conta das instâncias responsáveis para resolver o problema da onda de violência que há muito tempo dá sinais... Até quando eles vão fingir que não estão vendo o terror em meio à insegurança??? O cidadão de bem fica literalmente à mercê dos bandidos, isolados, amedrontados em suas próprias residências, já os bandidos estão livres para cometerem todo tido de atrocidade... Creio que a IMPUNIDADE é o grande gerador desse problema, pois é notório que por trás de um "adolescente" há sempre um adulto conduzindo o delito... Gosto do depoimento de um Coronel de São Paulo, que dizia: “aquele que se aproxima de mim tem a idade daquilo que traz em suas mãos. Ou seja, se traz um revólver calibre 38, a meu ver essa é a sua verdadeira idade.” Enfim, sou a favor da maioridade aos 16 anos, não digo que resolverá, todavia, diante do panorama gravíssimo de violência, creio que poderá amenizar, assim, espero...

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