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sábado, 5 de janeiro de 2013

Sem linhas de transmissão RN perde parque eólico


Problemas envolvendo o sistema de transmissão de energia no Rio Grande do Norte fizeram a Bioenergy - uma das quatro maiores geradoras de energia eólica do país - pedir a transferência de um dos quatro parques em instalação no RN para o Maranhão. O pedido de transferência foi feito à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Sérgio Marques, presidente da Bioenergy, que conta com dois parques eólicos em operação no RN - o Miassaba 2 e Aratuá 1 - a sobrecarga da subestação suspendeu a operação dos dois parques 36 vezes em 2012. A interrupção forçada do fornecimento, que somou 68 horas e 14 minutos, lhe rendeu um prejuízo estimado em R$ 227,6 mil. Valor que poderia ser bem maior, caso os outros quatro parques já estivessem em operação. 
Júnior SantosSobrecarga em subestação obrigou Bionenergy a suspender operações 36 vezes no ano passado
Sobrecarga em subestação obrigou Bionenergy a suspender operações 36 vezes no ano passado

Sérgio afirma que se os problemas envolvendo o sistema de transmissão no RN não forem resolvidos a curto e médio prazos, o grupo transferirá não apenas um, mas os quatro parques para o Maranhão. Com a transferência dos parques, o RN perderia de uma só vez R$ 440 milhões - cada parque está orçado em R$ 110 milhões. 

"Temos apoio do governo estadual, mas não temos retorno do governo federal (que concede os linhões). Estamos pedindo a transferência de uma usina eólica. Caso o atraso persista, levaremos as outras três. Não podemos arcar com os prejuízos". As obras, afirma Sérgio, já começaram a ser executadas, mas isso não inviabilizaria a transferência. "As obras já começaram, mas no estágio em que estão é possível transferir. Não houve a concretagem da  base ainda", explicou. 

A Bioenergy é a única geradora do Brasil que vendeu energia em todos os leilões promovidos pelo governo. Ao todo, a eletricidade comercializada pela empresa nesses certames soma 804,4 MW em parques eólicos, recorde no setor.

Para evitar atrasos como os verificados no Rio Grande do Norte, a companhia está instalando uma linha de transmissão própria no Maranhão, que conectará seus 13 parques. "Temos dois projetos em operação e quatro em instalação no RN. Enfrentamos problemas de escoamento, porque a Chesf deveria ter reforçado a subestação e não fez isso", reclama. 

Sérgio explica que tentou construir uma linha de transmissão própria no RN, mas que não foi autorizado pelo governo federal para isso. Os seus dois parques já estão conectados à rede no Estado. O que falta é reforçar a subestação para captar a energia gerada. 

Para evitar a fuga de novos investidores, o governo do Estado agendará uma audiência com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia nas próximas semanas. A ideia é cobrar mais agilidade e garantir o escoamento da energia gerada pelos parques eólicos, segundo Rogério Marinho, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico. Segundo o secretário, cabe a Chesf instalar três das quatro linhas de transmissão previstas para o Rio Grande do Norte.

Chesf estende prazo

A Agência Nacional de Energia Elétrica evitou comentar o atraso e afirmou apenas que as linhas atrasadas no Nordeste deverão ser instaladas entre julho e setembro deste ano. O prazo original não foi informado pela Agência. A Chesf foi procurada para fornecer mais detalhes, mas não retornou ao pedido de entrevista. Segundo reportagem publicada na Folha de São Paulo, 70% das linhas de transmissão que deveriam ser entregues em 2013 não ficarão prontas dentro do cronograma. O atraso será de 15 meses, em média. A estimativa é da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). Segundo a entidade, a previsão é que usinas que somam 1,1 GW fiquem paradas no ano por não terem como transmitir energia. O número é quase o dobro dos 622 MW de 2012. 

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