Vamos usar um pouco de nossa
criatividade. Imagine uma reunião de médicos... No estacionamento carros
importados, quase todos novos. Um auditório, com ar condicionado, homens
bem vestidos, laptops, caneta de metal, recursos de última geração. Não
estou dizendo que todo médico ganha uma maravilha, mas acho que você
imaginou parte disso que eu descrevi. Imagine agora, uma reunião de
advogados... Carros importados, terno e gravata, sapatos brilhantes,
relógios reluzentes, jamais chegariam a uma reunião suados. Poltronas
confortáveis em um ambiente refrigerado. Não estou afirmando que todo
advogado ganha uma fortuna, mas parte do que você teria imaginado, eu
descrevi, não é mesmo?
Agora imagine uma reunião de professores... O que você imagina? Aquele
amontoado de carteiras escolares, pois a reunião tem que ser numa
escola. Aquele povão... De sandálias, Calça desbotada... Camisa por
fora, Num calor insuportável, vai chegando a “classe pensadora e
formadora de opinião”, com aqueles amontoados de papel debaixo do
braço...Suados...Os ventiladores não dão conta de tanta gente num mesmo
lugar...E a reunião é para
que? PCN, PDE, PDDE, semana pedagógica...Canetas “bic” sem tampa na mão
dos “sábios”, seus rostos estressados são percebidos de longe.
Pois é... apesar de toda campanha política a famosa frase “educação será
uma prioridade” esta presente nos palanques, a classe dos professores
continua maltratada, abandonada,
humilhada, continuamos sendo aquele povo cansado e mal vestido jogado as
traças. Talvez antes de terminar de ler isso, você deve estar querendo
perguntar ao autor desse texto: “E porque você não foi ser médico ou
advogado?”. É verdade... Se eu pudesse voltar no tempo...
Fazer o quê? Depois de ler isso, acho que você deve imaginar onde eu
estou querendo chegar... A qualidade do ensino deve começar pelo salário. Os secretários da educação ou
Ministros falam na mídia da importância do professor, que entendem o
problema e estão fazendo o possível, que ser professor é sacerdócio, que
o importante é o compromisso! Tudo muito bonito, maravilhoso, tantas homenagens. Eu fico até emocionado: choro em cima do meu contracheque!
O maior problema nosso é que se você ousar falar sobre o assunto salário
numa reuniões, alguns de seus próprios colegas vão lhe dizer que o
importante é ser comprometido, que você reclama demais, é chato,
abusado, inconveniente, só fala nisso ou mandar você procurar outra
coisa... Assim, amigos professores, vamos continuar sendo um “povo feio”
por muito tempo...
Robson R. S. Santos
Professor da rede pública do RN
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