São Paulo (AE) - Em resposta à nota divulgada na terça-feira (18) pelos partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - cobrando explicações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as denúncias publicadas na revista Veja, de que ele tinha conhecimento da existência do mensalão - suposta compra de votos por parlamentares do PT no primeiro mandato de Lula - partidos da base do governo Dilma Rousseff divulgaram ontem uma nota de repúdio à carta da oposição.
marcio melo/ae

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da campanha de candidatos petistas
Assinada pelos presidentes do PT, PMDB, PSB, PCdoB, PDT e PRB - Rui Falcão, Valdir Raupp, Eduardo Campos, Renato Rabelo, Carlos Lupi e Marcos Pereira , a nota afirma que a oposição tentou "comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Para os autores da nota, a reportagem com denúncias sobre o vínculo de Lula com o mensalão era "fantasiosa" e baseada em um "amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes de identificação".
Os partidos da base governista disseram que a oposição é composta por "forças conservadoras" que "não hesitam a recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação". Além disso, eles acusam os partidos de oposição de tentar "confundir a opinião pública" e "pressionar a mais alta Corte do País, o STF" a transformar o julgamento do mensalão em um "julgamento político.
A ideia de preparar uma nota de desagravo a Luiz Inácio Lula da Silva, assinada por partidos aliados do governo Dilma Rousseff, partiu do próprio ex-presidente. Lula fez a sugestão ao participar de ato da campanha de Fernando Haddad (PT) no domingo, no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.
Em conversa com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos - que comanda o PSB nacional-, Lula pediu que os aliados se unissem para repudiar "calúnias e mentiras" divulgadas contra ele, sob o argumento de que a estratégia era usada para atingi-los nas eleições. Naquele fim de semana, declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza pela revista Veja jogavam Lula no centro da crise, apontando-o como "chefe do mensalão".
Campos imediatamente aceitou a proposta da nota, redigida por integrantes do PSB. O governador de Pernambuco viu ali uma oportunidade de se reaproximar de Lula. "Precisamos defender o projeto, que é de todos nós", disse ele durante o encontro de São Paulo.
Ex-ministro de Lula no primeiro mandato, Campos foi ao Centro de Tradições Nordestinas a convite da campanha de Haddad. Sentou-se à mesa com o ex-presidente, almoçou e gravou mensagem de apoio ao candidato do PT para ser usada no programa eleitoral na TV. O convite também teve o objetivo de desanuviar o relacionamento entre o PT e o PSB, deteriorado após o rompimento da aliança no Recife.
Falcão esteve na quarta-feira em Brasília e mostrou a nota de desagravo a Lula à presidenta Dilma Rousseff, que a aprovou. Até mesmo o PRB de Celso Russomanno - adversário de Haddad na campanha paulistana - assinou o documento.
Com apenas 12 linhas, o texto também é subscrito pelo PMDB, PC do B, PDT, mas não obteve o aval do PR e do PTB, partidos que nesta semana foram alvo do julgamento do mensalão.
Na quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo no Supremo Tribunal Federal, condenou Roberto Jefferson, delator do esquema e presidente do PTB, pelo crime de corrupção passiva e o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), ex-presidente do PL, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A nota assinada pelos principais aliados do governo Dilma também passou pelo crivo da Executiva Nacional do PT, que se reuniu na segunda-feira.
PSDB diz ter preocupação com a legalidade
São Paulo, 20 (AE) - Assim que soube da nota divulgada ontem pelos presidentes dos partidos da base governista, dentre eles o PRB de Celso Russomanno, em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), reagiu dizendo que a preocupação maior de sua legenda é com a legalidade.
"Não ouvi ninguém defender qualquer golpe ou procedimento heterodoxo. Nossa preocupação é outra: a legalidade e as urnas". A nota da base aliada do governo trazia ainda acusações à oposição, de usar 'táticas golpistas' para cobrar de Lula um esclarecimento público diante das denúncias sobre o seu suposto envolvimento direto no escândalo do mensalão, que está em julgamento no Superior Tribunal Federal.
"Essa nota do governo não tem nada a ver com a nota dos partidos de oposição, mas sim com as pesquisas eleitorais que estão sendo divulgadas (numa referência indireta à pesquisa divulgada ontempelo Datafolha que aponta uma vantagem de seis pontos porcentuais do tucano José Serra sobre o adversário petista Fernando Haddad)", destacou o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. E ironizou: "A constatação é de que o PT não disputa mais a liderança das eleições deste ano, mas o segundo lugar."
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