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domingo, 23 de setembro de 2012

Histórias de superação, luta e amor pelo trabalho

Os 1.200 trabalhadores da obra do estádio Arena das Dunas, demonstram no trabalho que não lhes faltam dedicação, talento e coragem para ajudar a concluir em tempo hábil a mais comentada e esperada obra em curso no Estado. A TRIBUNA DO NORTE acompanhou um dia desse trabalho 
Júnior SantosAs primeiras arquibancadas foram colocadas há duas semanas e, faltando 464 dias para o prazo de entrega, o estádio começa a ganhar forma. Obra será concluída em dezembro do próximo anoAs primeiras arquibancadas foram colocadas há duas semanas e, faltando 464 dias para o prazo de entrega, o estádio começa a ganharforma. Obra será concluída em dezembro do próximo ano


Roberto Lucena
 - Repórter

Por trás do muro de proteção que cerca a obra do estádio Arena das Dunas, há o que pode ser comparado a uma pequena cidade. Seus habitantes têm histórias de superação, luta e amor pelo trabalho. A TRIBUNA DO NORTE teve a oportunidade de conviver  - um dia inteiro - no canteiro de obras e registrou os detalhes do que é hoje a mais comentada e esperada obra do estado.

Do lado de fora, a impressão que se tem é a de que a obra segue em ritmo acelerado, contrapondo as expectativas pessimistas que apostavam num fracasso do projeto. De acordo com o último levantamento divulgado pela construtora OAS, responsável pelo empreendimento, 30,5% da obra já havia sido executada até o dia 31 de agosto. Mas, uma visita ao canteiro de obras revela muito mais que isso. 

Quem trafega diariamente pelas avenidas Lima e Silva, Prudente de Morais e Salgado Filho, nas proximidades de onde existiam o Machadão e Machadinho, tem a oportunidade de acompanhar a evolução das obras. As primeiras arquibancadas foram colocadas há duas semanas e, faltando 464 dias para o prazo de entrega, o estádio começa a ganhar forma. O futuro palco da Copa do Mundo em Natal deverá ser entregue em dezembro de 2013. Para cumprir este prazo, atualmente cerca de 1.200 trabalhadores se revezam em três turnos de trabalho.

Com a implantação do terceiro turno de trabalho, no início de agosto, a construção da Arena das Dunas não para. De segunda à sábado, há sempre alguém trabalhando. Seja na cozinha terceirizada, no setor de administração ou no canteiro de obras, o trabalho segue sem interrupções.

Para ser um dos colaboradores - termo usado na construtora OAS para identificar seus funcionários - da obra, é necessário um período de integração e treinamento que dura dois dias. O coordenador de segurança, meio ambiente e saúde, Thiago Libaroni, explica que, durante o treinamento, são explicadas as regras e normas da companhia. "Temos uma preocupação muito forte com relação à segurança do trabalho. Por ser uma obra de grande porte, é comum que hajam alguns acidentes, porém, trabalhamos na prevenção dos mesmos". 

A preocupação como os acidentes pode ser mensurada com a quantidade de reuniões que antecedem as atividades. "Antes de começar, cada frente de trabalho se reúne por cerca de 10 minutos. Esses encontros são chamados de reunião de Diálogo Diário de Segurança (DDS)", diz Thiago. O DDS é encerrado sempre com uma oração. O recorde de dias de trabalho sem acidentes, 260, foi registrado ano passado. "Em agosto tivemos alguns, assim como em setembro, mas nada grave. Não resultaram em afastamentos". 

São exemplos de frentes de trabalho na Arena, as turmas de carpintaria, pedreiros, serventes, montadores de andaimes, armadores e encarregados. Para diferenciá-los, os membros de cada equipe usa um capacete de cor diferente. O mesmo ocorre com os uniformes. Os de cor amarela são usados pelos colaboradores da parte civil, da aplicação de concreto. Quem usa macacão azul, trabalha com pré-moldados.
Júnior SantosO Cantador - Francinaldo Marques, 42 anos, é auxiliar de serviços gerais.
O Cantador - Francinaldo Marques, 42 anos, é auxiliar de serviços gerais. "Com fé em Deus essa obra será encerrada no tempo certo e vai dar tudo certo"

Na hora das refeições, para facilitar o serviço, eles são divididos. Um turma começa a se servir meia hora antes da outra. O alimento é feito por uma empresa terceirizada que fornece à OAS desde o início do projeto. Ainda na fase de terraplenagem, eram apenas três "quentinhas" para os topógrafos. Hoje, o número de refeiçoes ultrapassa a marca de três mil diariamente. "A cozinha não para. A primeira refeição tem que estar pronta às 5h30. A última é servida à meia noite", diz a administradora do Complexo Alimentar Pães e Massas, Karla Mata.

A maioria dos colaboradores sonha em assistir pelo menos um dos quatro jogos programados pela Fifa para acontecer na Arena das Dunas durante a Copa. É o caso do servente Ari Nunes de Lima, 43 anos. Além de espectador, "Risadinha", como é conhecido pelos amigos, sonha em jogar no estádio que está ajudando a construir. Experiência com o futebol, na posição de goleiro, ele já tem. "Fui jogador nas categorias de base do ABC e América. Hoje, participo do campeonato master em alguns bairros. Quem sabe um dia eu jogue aqui, né?" diz.

Se depender da torcida dos amigos, o jogo sai. O sentimento entre os colaboradores é de entusiasmo e esperança com a obra. Francinaldo Marques, 42 anos, é auxiliar de serviços gerais. Entrou como servente e conseguiu a ascensão depois de seis meses. Francinaldo é conhecido no canteiro de obras como "vai dar tudo certo". A alcunha explica-se devida à uma música homônima que o operário ouve todos os dias. A canção evangélica, entre os colaboradores, virou o hino da obra. "Ouço todos os dias, o pessoal já me conhece. Com fé em Deus essa obra será encerrada no tempo certo e vai dar tudo certo", diz.

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