Goiânia (AE) - O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), defendeu ontem seu governo de um suposto envolvimento com o empresário Carlos Augusto, o Carlinhos Cachoeira, preso pela PF, no mês de fevereiro, durante a operação Monte Carlo, que investiga a exploração de jogos ilegais em Goiás. "Não há qualquer envolvimento do governo de Goiás com a contravenção", disse Perillo, durante entrevista à TV Anhanguera, filiada à Globo.
Antônio Cruz/ABr

O tucano Marconi Perillo também está no olho do furação.
Perillo disse, ainda, que determinou ao secretário de Segurança Pública, João Furtado, levantamento das operações de apreensão e destruição de máquinas caça-níqueis, desde janeiro do ano passado, quando assumiu o governo. "Determinei o combate duro e efetivo à contravenção no Estado", disse Perillo. Ele informou que está tranquilo sobre o desfecho das investigações e afirmou que policiais, civis e militares, presos sob suspeita de envolvimento com "ilícitos" no Estado acabaram soltos pela Justiça.
O governador revelou ter recebido apoio de seu partido e, em especial dos senadores. Citou o nome de Álvaro Dias (PR) e sua determinação em defendê-lo da tribuna. Também relembrou o relacionamento com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM), ex-Procurador de Justiça de Goiás, no governo do PMDB, depois senador pelo PFL e em aliança do DEM com o PSDB nas últimas eleições.
Marconi Perillo surpreendeu, no entanto, ao revelar que teve acesso ao relatório dos delegados da PF, sobre as investigações da Operação Monte Carlo. O governador frisou que pretende imprimir uma reforma administrativa, nos próximos dias, mas evitou entrar em detalhes sobre o pedido de demissão da chefe de seu gabinete, Eliane Pinheiro.
Na terça-feira, Eliane Gonçalves Pinheiro pediu demissão do cargo. De acordo com a PF, ela teria obtido informações sigilosas sobre operações policiais direcionadas ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Além disso, a exemplo do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), teria um telefone para conversar com Cachoeira. Ao jornal Folha de S.Paulo, a ex-chefe de gabinete negou envolvimento com Cachoeira e que se tratava de outra pessoa nos telefonemas gravados pela polícia.
O envolvimento de Carlinhos Cachoeira com políticos foi denunciado pela Operação Monte Carlo, da PF. O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para apurar as denúncias.
Em razão da repercussão, o senador Demóstenes Torres pediu desligamento do DEM, na terça-feira, 3, e o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), avalia instalar uma CPI para investigar o envolvimento dos deputados mencionados no relatório da PF. Há pedidos de processo contra Rubens Otoni (PT), Sandes Junior (PP) e Carlos Alberto Leréia (PSDB), todos de Goiás. O deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) também admitiu ligações com Cachoeira, mas não há pedido de processo contra ele.
Ministro garante que Polícia Federal não vazou gravações
Brasília (AE) - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ontem que as informações divulgadas pela imprensa a respeito da operação que prendeu Carlinhos Cachoeira não vazaram da Polícia Federal. Entre os dados tornados públicos estão conversas do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e de outros parlamentares. A oposição tem reclamado de "vazamento seletivo" de informações.
"Acho muito ruim que informações vazem. Garanto que não vazaram da Polícia Federal. A partir do momento que você tem o processo podendo ser acessado por dezenas de advogados, dezenas de pessoas, é óbvio que é impossível controlar esse tipo de informação", afirmou o ministro.
Ele destacou que a investigação está em andamento há três anos e as informações só vazaram recentemente. "Apenas eu garanto que não houve vazamento nenhum da Polícia Federal. Durante o período em que o processo estava na Polícia Federal não houve vazamento"
O ministro rebateu ainda os argumentos do advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, de que as provas seriam nulas. "A Polícia Federal cumpriu rigorosamente seu papel Os fatos são colocados sob a luz do sol nos autos. Caberá agora ver como os tribunais apreciarão esses fatos".
Fonte: Tribuna do Norte
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