
Vez por outra o
senador potiguar José Agripino Maia gosta de bater no peito e dizer que não
convive com a improbidade, não aceita desvios morais em seus correligionários,
preza o bom uso do dinheiro público, despreza e condena a corrupção.
Dia após dia, os
fatos vão colocando em dúvida a postura de paladino da moralidade que o
parlamentar potiguar tanto gosta de ostentar.
Já sabíamos, por
exemplo, que mesmo residindo em Brasília, ocupando uma mansão própria na QI 21
do Lago Sul, Agripino é um dos poucos senadores da República que faz questão de
receber o auxílio-moradia de R$ 3,8 mil mensais teoricamente pago para quem
precisa se hospedar na capital da República.
Já sabemos, também,
que até pouco tempo o presidente nacional do Democratas abrigava em seu
gabinete uma sobrinha do deputado João Maia que se chama Gleika, vivia na
Espanha e só foi demitida depois que a imprensa descobriu e denunciou.
Também já sabemos que
o senador do Rio Grande do Norte é um dos parlamentares mais caros do Brasil -
só no primeiro semestre do ano passado, segundo revelou o Congresso em Foco
numa longa reportagem, ele gastou quase R$ 60 mil em passagens aéreas.
Sabemos ainda que
Demóstenes Torres, o correligionário que lidera seu partido no Senado Federal,
é amigo e sócio de um contraventor (Carlinhos Cachoeira) que está preso na
cadeia de Mossoró.
E agora descobrimos
mais um ato do senador José Agripino Maia que coloca em risco o título que ele
se impôs de paladino da moralidade.
Desde o ano passado
somos nós que pagamos pela segurança privada da mansão do senador, feita pela
empresa Branco Oliveira a um custo mensal de R$ 2.800. A fatura foi maior em
dezembro (R$ 3.468) e janeiro (R$ 4.408), quando o Congresso estava em recesso
e a segurança noturna transformou-se em segurança 24 horas.
"Procede a
informação?", perguntei por email a Rominna Jácome, assessora de imprensa
de Agripino.
Também por email,
Rominna respondeu assim, abre aspas:
"A empresa
existe sim. Faz a segurança da residência do senador. Os parlamentares que
moram nos imóveis funcionais têm direito à segurança de empresas pagas pelo
Senado ou da própria polícia legislativa. Para os que residem em imóveis
próprios, antigamente havia um convênio da Polícia Militar do DF com o Senado.
Com o fim do convênio, houve a abertura para contratação de tais empresas. Como
a Branco Oliveira já fazia a segurança de algumas ruas do Lago Sul, o senador
optou pela Branco Oliveira, que mantêm um segurança no período noturno."
Aspas fechadas, fui
fuçar o Portal de Transparência do Senado para saber quais e quantos
parlamentares também têm segurança privada paga com o dinheiro público.
São poucos, raros.
Demóstenes Torres,
correligionário e líder de Agripino, é um deles - mas só gastou R$ 124,49 em
dezembro e R$ 158,69 em janeiro.
Mozarildo Cavalcanti,
do PTB de Roraima, é outro - uma média de R$ 240,00 por mês.
A tucana Lúcia Vânia
também belisca o Tesouro - R$ 813,59.
E o campeoníssimo em
gastos com segurança privada chama-se Fernando Collor de Melo, o presidente da
República deposto há alguns anos que voltou a Brasília como senador de Alagoas:
desde junho de 2011 são pagos R$ 15.372,62 para que ninguém ameace a sua vida e
a sua casa.
"Mas é
importante ressaltar que o ítem segurança patrimonial é permitido. Está na
lista da verba para ressarcimento", diz no email que me enviou a
jornalista Rominna Jácome.
Permitido pode ser,
deve ser.
Legal, também.
Definitivamente, no
entanto, não é moralmente aceitável.
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