Roberto Lucena - Repórter
O mau cheiro é sentido à distância. Os
sacos plásticos pretos podem ser vistos de longe. Há um montante deles
encostado na parede e rolando pelo chão. O cenário poderia passar despercebido
caso o lixo acumulado não estivesse num local que, a rigor, deveria ser exemplo
de assepsia e cuidado com higiene. Mas não é o que acontece, há mais de uma
semana, no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG). A empresa que faz o
recolhimento do lixo não recebe pelo serviço e suspendeu a coleta. Funcionários
e usuários do local reclamam da situação.
Alberto LeandroLixo vem sendo depositado já fora da lixeira, no chão, junto à cozinha do hospital. O acúmulo já dura mais de uma semana
O "lixão" - como já é chamado
pelos funcionários - está localizado no último prédio do complexo do hospital
onde é depositado, além dos resíduos comuns, o lixo hospitalar, recolhido
diariamente. A lavanderia e a cozinha funcionam no local. Os alimentos que
chegam, ficam armazenados a poucos metros do lixo. O odor é insuportável. Um
funcionário responsável pela abertura do portão que dá acesso ao espaço usava
máscara na tarde de ontem com o intuito de diminuir o incômodo. Sem querer se
identificar, ele disse que há mais de uma semana a coleta não é feita.
"Isso nunca aconteceu. Faziam o recolhimento todos os dias, mas agora está
assim. O fedor é horrível. Quase não suporto trabalhar", contou.
Segundo informações da direção do
hospital, o problema acontece porque a empresa responsável pela coleta, a Limp
Express Transporte e Prestação de Serviço Ltda, não recebe pagamento da
secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) há alguns meses. "A
obrigação de pagamento é da Sesap. Infelizmente a empresa está sem receber e
por isso não fez a coleta essa semana", disse o diretor administrativo da
unidade, Josenildo Barbosa Lira.
Por telefone, o titular da Sesap, Domício
Arruda, disse que desconhecia o problema no HMWG e confirmou que a secretaria tem alguns
débitos com a empresa. "Mas eu acho que esse contrato foi direto com o
hospital. Nesse caso, acredito que não é competência nossa. O hospital tem
autonomia financeira. No entanto, é verdade que a Sesap está devendo à Limp
Express. Não sei os valores, sei que é pouca coisa", afirmou.
Além de recolher o lixo comum no Walfredo
Gurgel, a empresa Limp Express é responsável pelo recolhimento do material em
outras unidades médicas do Estado. A reportagem tentou entrar em contato com os
administradores da empresa, porém, não obteve sucesso.
Funcionários ouvidos pela reportagem na
tarde de ontem afirmam que o maior hospital do Rio Grande do Norte passa por
outras dificuldades. Uma enfermeira alertou que o estoque de oxigênio está
baixo. Além disso, os corredores estão lotados de pacientes que aguardam
atendimento em cima de macas.
Fonte: Tribuna do Norte
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